O Comite de Política Monetária do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (26), manter a taxa básica de juros brasileira em 13,75%, o mais alto nível desde janeiro de 2017.
A reunião encerrada nesta quarta foi a penúltima de 2022, em contagem regressiva para a definição, no domingo, da disputa presidencial entre o atual ocupante do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão foi unânime, ao contrário da encontro do último dia 21 de setembro, quando o ciclo de 12 altas seguidas na Selic, iniciado em março do ano passado, foi interrompido.
Segundo a nota divulgada junto à decisão do Comitê, o BC avalia que a atual conjuntura ainda é incerta, volátil, e “requer serenidade na avaliação dos riscos”.
Em setembro, o BC freou um ciclo de 12 altas consecutivas, iniciado em março de 2021 para combater a inflação elevada.
O Brasil sofreu um longo período de inflação muito elevada, acumulando até 12,13% em doze meses até meados de abril deste ano. Mas as altas foram interrompidas nos últimos meses, devido a medidas governamentais como cortes de impostos sobre a gasolina.
Sobre a atividade econômica brasileira, o BC reconhece que os indicadores divulgados desde a reunião do Copom em setembro sinalizaram ritmo mais moderado de crescimento. Contudo, a autoridade afirma que a queda de preços segue concentrada em itens voláteis, afetados por medidas tributárias e a inflação ao consumidor continua elevada.
“O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e de 2024”, diz o comunicado.
Postura “atenta”
No comunicado que acompanha a decisão do BC, a autoridade monetária afirmou que irá adotar uma “postura atenta” à inflação do país.
“O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”, diz o texto do Banco Central.
Nessa semana, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15, o IPCA-15, avançou 0,16% em outubro, acumulando variação de 4,80% no ano. Em 12 meses, o índice acumula alta de 6,85%.
A variação em outubro ficou acima do consenso do mercado, que já esperava o fim das quedas no IPCA-15, mas com índice mensal variando perto de zero (em 0,05%) e inflação anual menor, em 6,75%.
Os dados, divulgados na terça-feira (25) pelo IBGE, mostraram que a inflação interrompeu a trajetória de queda que vinha apresentando nos últimos três meses, ou seja, já deixando de refletir parte do efeito do corte de impostos e de preços de combustíveis realizado pelo governo.
O IPCA-15 diz respeito ao período entre a última quinzena do mês anterior e a primeira quinzena do mês atual, e é considerado uma prévia do IPCA final, que abrange o mês completo e é divulgado no mês seguinte.